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O pioderma gangrenoso é doença neutrofílica rara, de etiologia incerta e que se associa a doenças sistêmicas em 50% dos casos como doença inflamatória intestinal, doença reumática, hematológica ou malignidade. É uma doença inflamatória que acomete principalmente a pele e caracteriza-se pela presença de úlceras dolorosas, destrutivas e que se expandem centrifugamente, acometendo mais frequentemente os membros inferiores. Nesta paciente, havia a presença de lesões típicas (Figura 6) e atípicas (Figura 1). O diagnóstico de pioderma gangrenoso é de exclusão, baseando-se na clínica. Os exames laboratoriais são inespecíficos, e, na maioria das vezes, apenas a velocidade de hemossedimentação está aumentada. O exame histopatológico também não é específico e apresenta aspectos variáveis dependendo do sítio da biópsia e da duração da doença, mas é fundamental para excluir outros diagnósticos (micoses profundas, úlceras vasculares, picadas de insetos, neoplasias e vasculites). Como nesse caso apresentado existia um quadro atípico com envolvimento de face e história prévia de uso de cocaína em grande quantidade, houve necessidade de diferenciar a doença de base com o uso de drogas no histopatológico, o que nos ajudou no diagnóstico final. Além disso, há apenas três casos descritos na literatura de associação entre Pioderma e cocaína considerando, assim, maior raridade do caso. Um dos reatos foi na EWMA, do Departamento de Dermatologia em Essen na Alemanha em 2009 sobre um paciente do sexo masculino usuário de grande quantidade de cocaína há 10 anos e sugerindo esse fato como causa do início do Pioderma. Já a outra publicação, em 2008, do Departamento de Dermatologia do Hospital General Universitário de Valencia na Espanha, relata dois casos de usuários de cocaína de 30 e 37 anos que também desenvolveram o Pioderma.
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